Quando
penso em todas as atrocidades que venho testemunhando, ultimamente, penso em
minha juventude e em tudo e todos que formaram meu caráter. Então, não há como não
excluir inúmeras pessoas que, agora, parecem não ter mais significado pra mim. Em
parte, isso me entristece, porque é como se elos que eu considerava muito
fortes fossem apenas uma ilusão.
A
única certeza que carrego é que eu não vou me acostumar, nunca, com a defesa do
genocídio indígena, com a discriminação dos negros, com o armamento
indiscriminado da população, com o machismo, com o comportamento de manada
promovendo a violência, com o deboche, com a marginalização homofóbica, com a fome
imposta pelo capitalismo, com a naturalidade com que os pseudo-ricos veem tudo
isso.
Estou
enojada!
Estou
indignada!
Na
era da conexão cada vez mais potente, através das mídias e das chamadas redes
sociais, eu só queria, se fosse possível, puxar a tomada e não ter que constatar
que vocês mentiam muito bem. Por quê? Era só pra pertencer a um grupo? Carência?
Pessoas
que dizem “é possível ser feliz com tão pouco”, quando têm tudo! Dizem estar
agindo coerentemente com as ideias em que acreditam (?) e apoiam um desvairado
na presidência! Dizem que são contra o aborto, “mas se fosse com minha filha...”!
Dizem ser cristãos, mas não respeitam as outras religiões!
E
vou parando por aqui, porque, se fosse possível, escreveria tudo, tudo, tudo o
que penso!
Cláudia Ferreira
23 de junho de 2022