12 outubro 2021

QUADRINHAS PARA CIDINHA


Senhora, Mãe e Santíssima,

Cuide do nosso país.

Não deixe, Mãe e Divina,

Que ele caia em mãos vis.

 

Senhora, Mãe e Padroeira,

Lance o seu manto azul

Pelas terras do Brasil,

Pela América do Sul.

 

Senhora, Mãe e Aparecida,

Derrame luz sobre os pobres,

Sobre os fracos e esquecidos,

Que sofrem na mão dos “nobres”.

 

Senhora, Mãe e Querida,

Se um tempo lhe sobrar,

Olhe por essa devota

E proteja o meu lar.

 

Cláudia Ferreira

12 de outubro de 2021

07 setembro 2021

JÁ RAIOU A LIBERDADE?

Aos sete anos, a menina aprendeu

Que a história do Brasil era bela.

E Dom Pedro I em herói se converteu,

Imortalizado, com requinte, numa aquarela.

 

Aos doze anos, a menina se encantava

Com hinos, símbolos, bandeiras e civismo.

E, no 7 de Setembro, com alegria, desfilava,

Idolatrando as figuras cívicas e seu heroísmo.

 

Aos dezoito, a menina já conhecia novas lições:

Que Dom Pedro I era apenas um Imperador,

Que 7 de setembro era uma data entre milhões

E muitas figuras cívicas só provocaram dor.

 

Hoje, a menina se indaga, diariamente,

Em que se transformou sua Nação,

Onde um engana tanta gente

E poucos aprenderam a lição.

 

Cláudia Ferreira

7 de setembro de 2021

 

28 agosto 2021

DECÁLOGO DE UM IDIOTA

IDIOTA é você!

Que só sabe ofender.

Idiota é você!

A quem a ira dá prazer.


IDIOTA é você!

Ditador de meia-tigela!

Idiota é você!

Adorador de holofotes e passarela.

 

IDIOTA é você!

Desprovido de sentimentos.

Idiota é você!

Seu jumento!

 

IDIOTA é você!

Homofóbico e racista.

Idiota é você!

Seu machista!

 

IDIOTA é você!

Compactuado com o demônio.

Idiota é você!

E todos os seus heterônimos.


IDIOTA é você!

E seu castelo em ruínas.

Idiota é você!

Que rouba em surdina.

 

IDIOTA é você!

Propagador de mentiras.

Idiota é você!

Que pra todo lado atira.

 

IDIOTA é você!

Vagabundo!

Idiota é você!

De comportamento imundo.

 

IDIOTA é você!

E sua saga armamentista.

Idiota é você!

Fascista!

 

IDIOTA é você!

E todo seu rancor.

Idiota é você!

Que não conhece o amor.

 

 Cláudia Ferreira

27 de agosto de 2021

12 junho 2021

ENAMORAR-SE

Ainda que o marido esteja só,

Há o que comemorar.

Ainda que o namorado esteja só,

Há o que comemorar.

Ainda que o amante esteja só,

Há o que comemorar.

Por baixo das máscaras, há de existir um sorriso.

Por baixo das máscaras, há de existir uma esperança.

Por baixo das máscaras, há de existir um caminho.

Porque ainda há motivos para enamorar-se...

Enamore-se de seus filhos,

De seus irmãos,

Dos mais próximos,

Dos mais distantes,

Dos incompreendidos,

Dos mais necessitados.

Enamore-se de si mesmo!!!

 

Cláudia Ferreira

12 de junho de 2021

15 maio 2021

CACHOEIRAS


Cachoeiras,

Cidade

De vida,

De histórias,

De música,

De poesia.

 

Cachoeiras,

Cidade

De esperança,

De lutas,

Das águas,

De nostalgia.

 

Quem vem

Nunca esquece.

Quem vive

Ainda se espanta,

A se perguntar,

Todo dia,

Para o espelho da vida,

Se existe outro lugar

Que tanto nos encanta.

 

Cláudia Ferreira

26 de abril de 2021

24 abril 2021

DATAS COMEMORATIVAS DE ABRIL E ETC

                19 de abril, dia do índio. Do índio... Quando eu era pequenina, minha mãe fazia colares de macarrão goelinha, pra serem pintados no Jardim de Infância, com tinta guache. O cocar era feito com uma tira de cartolina, desenhada, também na escola, com motivos indígenas, e enfeitada com penas arrancadas das galinhas criadas por meu pai. Coitadas! E eu voltava pra casa, certa de que era a maior representante dos indígenas do Brasil. Ainda bem que cresci, estudei, formei-me professora e nunca repeti isso com meus alunos. Como as frases “Deixa o índio vivo no sertão/Deixa o índio vivo nu/Deixa o índio vivo/Deixa o Índio/Deixa”, na voz do eterno Tom Jobim, fazem sentido pra mim, hoje!

                21 de abril, dia de Tiradentes, remete-me à infância e a episódios em que a professora, lá no meu antigo primário, descrevia essa personagem com características de herói nacional. Lembro-me de chorar com uma adaptação da música "A praça", imortalizada na interpretação de Ronnie Von, que nos colocava quase como amigos íntimos de Tiradentes: "Naquele dia triste, foi num vinte e um de abril, quando tu morreste, eu jamais esquecerei. Hoje o seu nome é cantado no Brasil, e sempre com orgulho lembrarei". A letra adaptada era isso ou quase isso e não sei a autoria. Depois, aprendi a ver esses "heróis" com outros olhos, mas não entrarei, aqui, em detalhes históricos.

                22 de abril, "descobrimento" do Brasil. Quando ouvia isso, também lá no meu antigo primário, imaginava o mapa do Brasil debaixo de um grande cobertor. É sério! Aí, minha professora dava aquela aula linda, descrevendo a viagem de Pedro Álvares Cabral, a tempestade, as caravelas. Vamos combinar. Que criança não se encanta com isso? Depois... Bem, o depois, todos nós sabemos e vivemos.

                Esse mesmo dia 22 é o dia da Terra. Fico sem palavras pra expressar a tristeza com tanto descaso e exploração irracional. Nasci e cresci com pessoas que achavam natural caçar e prender pássaros; matar animais selvagens pra comer; acabar com toda a vegetação do quintal, inclusive árvores e arbustos, porque era bonito ter um terreiro “limpo”; entre outros hábitos. Se eu e tantas pessoas aprendemos a agir diferente, por que muitos ainda insistem nessas práticas? A Terra é um ser vivo! Assim como nosso corpo, maltratado, cobra as consequências, a Terra já começou a cobrar os maus-tratos. Infelizmente, a pandemia que estamos vivenciando é só o começo.

                23 de abril, dia de São Jorge, era apenas um dia em que muitos Jorges, conhecidos e amigos, aniversariavam. Devo confessar que, apenas depois desse dia ser transformado em feriado no Estado do Rio, passei a pensar no valor da figura de São Jorge para muitas pessoas. Passei também a pensar na força do que ele representa e pedir, de vez em quando, como na canção de Djavan, que ele, "por favor, me empreste o dragão".

                Quanto ao dia internacional do livro, também comemorado no dia 23, prefiro o dia nacional, em 29 de outubro, homenagem à fundação da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.  Em tempos de aumento dos impostos sobre livros, que continuemos tendo o que comemorar. Não saberia especificar a data, se do dia internacional, nacional, ou ainda, do livro infantil, também comemorado em abril, dia 18, em homenagem a Monteiro Lobato, mas lembro-me de colorir umas folhinhas mimeografadas, com imagens humanizadas de uns livrinhos muito simpáticos, que a professora levava pra aula, num desses dias. Prática que repliquei com meus alunos, em minha rápida passagem pelo agora chamado Fundamental I e em minhas turmas de 6° ano do Fundamental II.

                Lecionando Língua Portuguesa e Literatura, sempre defendi e incentivei a leitura, mesmo nas turmas mais precoces do Fundamental e arrisquei criar leitores tardios, já no Ensino Médio. Não me arrependo, apesar das reclamações de alguns no tocante à leitura da chamada “literatura clássica”. Talvez, tudo isso tenha me ajudado a amar os livros. Talvez, isso tenha incentivado muitos dos meus alunos à prática da leitura. Talvez, por isso, hoje, saibamos o que sofrem os indígenas no Brasil, quem foi Tiradentes, quem foi Pedro Álvares Cabral, que a Terra é redonda, qual é a importância da Biblioteca Nacional, quem foi Monteiro Lobato, o que São Jorge representa, e quem ou o quê salva ou entrega um país aos "dragões”.

Cláudia Ferreira

24 de abril de 2021

04 abril 2021

RESSURREIÇÃO


E eu vi a criança brincando com a mãe.

Levava com ela toda a esperança do mundo,

Renascida em solidariedade e na partilha de pães;

Renovada em sorrisos e olhares profundos.

 

E eu vi o jovem lutando vigoroso.

Levava com ele, dentro do coração, sua garra,

Renascida em cada ato vitorioso;

Renovada em cada derrapada.

 

E eu vi o velho caminhando devagarinho.

Levava com ele toda história de luta,

Renascida em cada gesto de carinho;

Renovada em cada boa conduta.

 

E eu vi o mundo tornando-se mais irmão.

Levava com ele a bandeira da paz,

Renascida das cinzas da opressão;

Renovada na certeza de que o mal, nunca mais!

 

Cláudia Ferreira

4 de abril de 2021

25 março 2021

BOMBARDEADOS

 Todas as horas,

Todos os dias.

BUM!

Pelos noticiários,

Pelas redes sociais.

BUM!

 

Imprensa,

Grupos de “zap”,

Padre,

Bispo,

Pastor,

Amigos,

Familiares.

BUM!

 

Sei! Não sei!

Confio! Não confio!

Posso! Não posso!

Faço! Não faço!

Ouço! Não ouço!

Falo! Não falo!

Acredito! Não acredito!

BUM! BUM! BUM! BUM!

 

Cabeça,

Corpo,

Coração,

Sentimentos,

Ideias,

Pensamentos,

Explodindo.

BUM! BUM! BUM! BUM!

 

Cláudia Ferreira

24 de março de 2021

 

 

A MARCHA

“300” marchando,

A troco de quê?

“300” marchando,

Sem mais nem porquê.

“300” marchando

Ferem a mim e a você.

 

“300” marchando,

De noite e de dia.

“300” marchando,

Ao sabor da nossa letargia.

“300” marchando,

Consequência da nossa apatia.

 

“300” marchando,

Enfileirados e inanimados.

“300” marchando,

Aos berros e aos brados.

“300” marchando,

De tocaia, entrincheirados.

 

300.000 mil morrendo,

A troco de quê?

300.000 mil morrendo,

Sem mais nem porquê.

300.000 mil morrendo

Ferem a mim e a você.

 

300.000 mil morrendo,

De noite e de dia.

300.000 mil morrendo,

Ao sabor da nossa letargia.

300.000 mil morrendo,

Consequência da nossa apatia.

 

300.000 mil morrendo,

Enfileirados e inanimados.

300.000 mil morrendo,

Aos berros e aos brados.

300.000 mil morrendo,

De tocaia, assassinados.

 

Marchem, soldados!

 

Cláudia Ferreira

24 de março de 2021

 

 

23 fevereiro 2021

PRÉ-MUNIÇÃO (Réquiem para um futuro próximo)

 

Eu, armado e cidadão de bem,

Fazendo minha própria filha assediada de refém.

Eu, armada e filha violada,

Exterminando meu algoz, numa emboscada.

 

Eu, armado e motorista,

Resolvendo briga de trânsito na pista.

Eu, armado e passageiro,

Disparando no condutor um tiro certeiro.

 

Eu, armado e marido,

Vingando meu orgulho ferido.

Eu, armada e mulher,

Punindo quem mal me quer.

 

Eu, armado e cristão,

Atacando outra religião.

Eu, armado e do candomblé,

Revidando o ataque à minha fé.

 

Eu, armado e adolescente,

Tirando a vida de um colega, num repente.

Eu, armado e pai ausente,

Escondendo meu ato inconsequente.

 

Eu, armado e filho drogado,

Ameaçando minha família por uns trocados.

Eu, armado e pai,

Querendo abafar os meus ais.

 

Eu, armado e homofóbico,

Matando o que, em mim, é óbvio.

Eu, armado e LGBTQI,

Calando quem não me quer por aqui.

 

Eu, armado e racista,

Apagando o que, na minha própria pele, está à vista.

Eu, armado e afrodescendente,

Revidando suas piadas indecentes.

 

Eu, armado e cidadão protegido,

Abastecendo o mercado pro bandido.

Eu, armado, infeliz e moribundo,

Num disparo, retirando-me do mundo.

 

“Requiem aeternam dona eis.”

 

Cláudia Ferreira

23 de fevereiro de 2021

10 fevereiro 2021

SEM CONFETES

                Este ano não tem Carnaval. Coisa estranha demais! Dois mil e vinte passou como um tsunami, levando esperanças e sonhos; trazendo dúvidas e receios. Tudo se resumiu ao medo do desconhecido e ao desassossego, afogando-nos numa tristeza que não sabemos explicar.

                Este ano não tem as marchinhas, os blocos, as bandinhas, a festa; não tem o gingado, a paquera, o banho de suor.

                Este ano não tem colombinas e pierrôs; não tem bate-bolas; não tem passistas; não tem porta-bandeiras e mestres-salas; não tem bateria; não tem enredo.

                Este ano não tem o samba no pé, a alegria, as luzes, a purpurina; não tem a música, o sorriso, nem a ilusão de dias melhores.

                No lugar disso tudo, surgem o tédio e o ódio encarcerados. Vão sumindo as marcas e a nossa identidade fica pra trás.

                Se o ano só começa após o Carnaval, o que faremos? Quando tiraremos a fantasia, para voltar ao trabalho e a tantas outras batalhas, se nem tivemos a chance de vesti-la?  Como encarar as cinzas que tomaram conta do mundo e parece que se perpetuarão em dois mil e vinte um, sem termos vivido o reinado de Momo, onde podemos fingir, por pelo menos três dias, que está tudo bem?


Cláudia Ferreira

10 de fevereiro de 2021

SOBRE NOSSOS PARLAMENTARES E TAIS

E vem aumentando a lista que se enquadra na máxima de que "político é tudo igual, nenhum presta". Nos últimos dias, nosso Congress...