10 fevereiro 2021

SEM CONFETES

                Este ano não tem Carnaval. Coisa estranha demais! Dois mil e vinte passou como um tsunami, levando esperanças e sonhos; trazendo dúvidas e receios. Tudo se resumiu ao medo do desconhecido e ao desassossego, afogando-nos numa tristeza que não sabemos explicar.

                Este ano não tem as marchinhas, os blocos, as bandinhas, a festa; não tem o gingado, a paquera, o banho de suor.

                Este ano não tem colombinas e pierrôs; não tem bate-bolas; não tem passistas; não tem porta-bandeiras e mestres-salas; não tem bateria; não tem enredo.

                Este ano não tem o samba no pé, a alegria, as luzes, a purpurina; não tem a música, o sorriso, nem a ilusão de dias melhores.

                No lugar disso tudo, surgem o tédio e o ódio encarcerados. Vão sumindo as marcas e a nossa identidade fica pra trás.

                Se o ano só começa após o Carnaval, o que faremos? Quando tiraremos a fantasia, para voltar ao trabalho e a tantas outras batalhas, se nem tivemos a chance de vesti-la?  Como encarar as cinzas que tomaram conta do mundo e parece que se perpetuarão em dois mil e vinte um, sem termos vivido o reinado de Momo, onde podemos fingir, por pelo menos três dias, que está tudo bem?


Cláudia Ferreira

10 de fevereiro de 2021

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