Este ano não tem Carnaval. Coisa estranha demais! Dois mil e vinte passou como um tsunami, levando esperanças e sonhos; trazendo dúvidas e receios. Tudo se resumiu ao medo do desconhecido e ao desassossego, afogando-nos numa tristeza que não sabemos explicar.
Este
ano não tem as marchinhas, os blocos, as bandinhas, a festa; não tem o gingado,
a paquera, o banho de suor.
Este
ano não tem colombinas e pierrôs; não tem bate-bolas; não tem passistas; não
tem porta-bandeiras e mestres-salas; não tem bateria; não tem enredo.
Este
ano não tem o samba no pé, a alegria, as luzes, a purpurina; não tem a música,
o sorriso, nem a ilusão de dias melhores.
No
lugar disso tudo, surgem o tédio e o ódio encarcerados. Vão sumindo as marcas e
a nossa identidade fica pra trás.
Se
o ano só começa após o Carnaval, o que faremos? Quando tiraremos a fantasia,
para voltar ao trabalho e a tantas outras batalhas, se nem tivemos a chance de
vesti-la? Como encarar as cinzas que tomaram
conta do mundo e parece que se perpetuarão em dois mil e vinte um, sem termos
vivido o reinado de Momo, onde podemos fingir, por pelo menos três dias, que
está tudo bem?
Cláudia Ferreira
10 de fevereiro de 2021
Excelente!!!
ResponderExcluirObrigada, meu querido!
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