24 abril 2021

DATAS COMEMORATIVAS DE ABRIL E ETC

                19 de abril, dia do índio. Do índio... Quando eu era pequenina, minha mãe fazia colares de macarrão goelinha, pra serem pintados no Jardim de Infância, com tinta guache. O cocar era feito com uma tira de cartolina, desenhada, também na escola, com motivos indígenas, e enfeitada com penas arrancadas das galinhas criadas por meu pai. Coitadas! E eu voltava pra casa, certa de que era a maior representante dos indígenas do Brasil. Ainda bem que cresci, estudei, formei-me professora e nunca repeti isso com meus alunos. Como as frases “Deixa o índio vivo no sertão/Deixa o índio vivo nu/Deixa o índio vivo/Deixa o Índio/Deixa”, na voz do eterno Tom Jobim, fazem sentido pra mim, hoje!

                21 de abril, dia de Tiradentes, remete-me à infância e a episódios em que a professora, lá no meu antigo primário, descrevia essa personagem com características de herói nacional. Lembro-me de chorar com uma adaptação da música "A praça", imortalizada na interpretação de Ronnie Von, que nos colocava quase como amigos íntimos de Tiradentes: "Naquele dia triste, foi num vinte e um de abril, quando tu morreste, eu jamais esquecerei. Hoje o seu nome é cantado no Brasil, e sempre com orgulho lembrarei". A letra adaptada era isso ou quase isso e não sei a autoria. Depois, aprendi a ver esses "heróis" com outros olhos, mas não entrarei, aqui, em detalhes históricos.

                22 de abril, "descobrimento" do Brasil. Quando ouvia isso, também lá no meu antigo primário, imaginava o mapa do Brasil debaixo de um grande cobertor. É sério! Aí, minha professora dava aquela aula linda, descrevendo a viagem de Pedro Álvares Cabral, a tempestade, as caravelas. Vamos combinar. Que criança não se encanta com isso? Depois... Bem, o depois, todos nós sabemos e vivemos.

                Esse mesmo dia 22 é o dia da Terra. Fico sem palavras pra expressar a tristeza com tanto descaso e exploração irracional. Nasci e cresci com pessoas que achavam natural caçar e prender pássaros; matar animais selvagens pra comer; acabar com toda a vegetação do quintal, inclusive árvores e arbustos, porque era bonito ter um terreiro “limpo”; entre outros hábitos. Se eu e tantas pessoas aprendemos a agir diferente, por que muitos ainda insistem nessas práticas? A Terra é um ser vivo! Assim como nosso corpo, maltratado, cobra as consequências, a Terra já começou a cobrar os maus-tratos. Infelizmente, a pandemia que estamos vivenciando é só o começo.

                23 de abril, dia de São Jorge, era apenas um dia em que muitos Jorges, conhecidos e amigos, aniversariavam. Devo confessar que, apenas depois desse dia ser transformado em feriado no Estado do Rio, passei a pensar no valor da figura de São Jorge para muitas pessoas. Passei também a pensar na força do que ele representa e pedir, de vez em quando, como na canção de Djavan, que ele, "por favor, me empreste o dragão".

                Quanto ao dia internacional do livro, também comemorado no dia 23, prefiro o dia nacional, em 29 de outubro, homenagem à fundação da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.  Em tempos de aumento dos impostos sobre livros, que continuemos tendo o que comemorar. Não saberia especificar a data, se do dia internacional, nacional, ou ainda, do livro infantil, também comemorado em abril, dia 18, em homenagem a Monteiro Lobato, mas lembro-me de colorir umas folhinhas mimeografadas, com imagens humanizadas de uns livrinhos muito simpáticos, que a professora levava pra aula, num desses dias. Prática que repliquei com meus alunos, em minha rápida passagem pelo agora chamado Fundamental I e em minhas turmas de 6° ano do Fundamental II.

                Lecionando Língua Portuguesa e Literatura, sempre defendi e incentivei a leitura, mesmo nas turmas mais precoces do Fundamental e arrisquei criar leitores tardios, já no Ensino Médio. Não me arrependo, apesar das reclamações de alguns no tocante à leitura da chamada “literatura clássica”. Talvez, tudo isso tenha me ajudado a amar os livros. Talvez, isso tenha incentivado muitos dos meus alunos à prática da leitura. Talvez, por isso, hoje, saibamos o que sofrem os indígenas no Brasil, quem foi Tiradentes, quem foi Pedro Álvares Cabral, que a Terra é redonda, qual é a importância da Biblioteca Nacional, quem foi Monteiro Lobato, o que São Jorge representa, e quem ou o quê salva ou entrega um país aos "dragões”.

Cláudia Ferreira

24 de abril de 2021

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