08 novembro 2019

SOU BRANCA



Nasci branca.
Fazer o quê?
Cor da pele me persegue.
Sou menos brasileira?
Nunca achei.

Vem,  Véio Minga.
Vem,  Dona Amélia.
Vem,  Vó Antonilha.
Vem,  D. Júlia Ouverney.
Vem, Tio Manoel Dias.
Vem,  Dona Laura.
Vem,  Dona Eva.
Vem,  Seu Cláudio.
Vem,  Cumpadi  Nego.
Vem,  Seu Joãozinho!
Vem,  mãe Denair!

Vêm dançar comigo essa ancestralidade.
Vêm cantar comigo toda influência.
Vêm com seu fogão à lenha.
Vêm com seus tamancos.
Vêm com sanfonas e violões.
Vêm festejar nos assoalhos dos salões.

É ferro de passar com brasa.
Cuidado! A faísca caiu no tecido.
Vai estragar!
É tacho de melado.
Espera menina. Precisa esfriar!
É banho gelado na represa.
Quem vai encarar?
É fruta pão.
É travesseiro de paina.
É o eco da serra.
É a criançada em festa.
É tempo de despertar...

A cor não importa mais.
Ficaram os cheiros.
Ficaram os sons.
Ficaram as emoções.


Cláudia Ferreira
8 de novembro de 2019

6 comentários:

  1. Fátima Ferreira08 novembro, 2019

    Emocionada...
    Parabéns por verbalizar tantas saudosas lembranças e emoções!

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    Respostas
    1. Obrigada, minha irmã. Lembranças que também são suas.

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  2. Fátima Ferreira08 novembro, 2019

    Parabéns por verbalizar tantas saudosas lembranças e emoções.
    Emocionada...

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  3. Parabéns! Honrar e homenagear os ancestrais é assumir a própria história, com prosperidade e harmonia. Amo os seus textos...

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  4. Parabéns! Amo os seus textos...

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